Investigações e Você
A Polícia Federal (PF) investiga um áudio que aponta indícios de que o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e a empresária Roberta Luchsinger estavam em tratativas para firmar um contrato sem licitação com o Ministério da Saúde. O objetivo seria a entrega de medicamentos à base de cannabis para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Roberta Luchsinger, ex-candidata a deputada estadual pelo PT, teve sua residência alvo de um mandado de busca e apreensão no dia 18 de outubro, fazendo parte de uma nova fase da operação que investiga fraudes em descontos de aposentadorias e pensões. A empresária é próxima de Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo os relatórios da Polícia Federal, Luchsinger atuou como consultora para Antunes, recebendo um total de R$ 1,5 milhão em cinco pagamentos de R$ 300 mil. A tentativa de formalizar um contrato com o Ministério da Saúde não avançou, uma vez que Antunes foi alvo da investigação, resultando no bloqueio de seus bens, conforme apurado pelo jornal O Globo.
Em um áudio de WhatsApp, enviado por Luchsinger a Antunes no início de 2023, a empresária sugere a possibilidade de dispensar a licitação para a formalização do contrato. “É contratação, sim. Ele sabe que é uma dispensa. É a nova lei das licitações, não sei se você já deu uma lida. Devido ao cenário de emergência, podemos criar um documento bem robusto pedindo a dispensa de licitação”, afirmou Luchsinger.
Com as suspeitas de que as fraudes no INSS estivessem ligadas a outros setores, o ministro André Mendonça, que é o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) forneça informações sobre processos em aberto que possam interessar à empresa de Antunes, que atua na distribuição de canabidiol.
De registros obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, constatou-se que Antunes visitou o Ministério da Saúde em cinco ocasiões entre 2024 e 2025, e em uma delas estava acompanhado de Luchsinger, o que levanta mais questionamentos sobre a natureza da relação entre os envolvidos.
A defesa de Roberta Luchsinger declarou que as negociações permaneceram apenas em discussões preliminares e que não houve progresso. Além disso, a defesa afirmou que o caso está desvinculado das fraudes no INSS, buscando isentar a empresária de qualquer envolvimento em irregularidades. Essa situação destaca a complexidade do cenário político e administrativo brasileiro e como ele pode influenciar na condução de contratos públicos.

