Transformações no Mercado de Trabalho Baiano
Ao longo de 2025, o mercado de trabalho na Bahia passou por uma significativa transformação, revelando um novo paradigma na ocupação da força produtiva. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a informalidade deixou de ser apenas uma questão de falta de registro em carteira e se tornou um fenômeno de empreendedorismo, muitas vezes motivado pela necessidade. Neste cenário contemporâneo, o trabalhador autônomo se destaca, assumindo um papel protagonista na economia local.
Um levantamento aponta que o número de autônomos no estado atingiu impressionantes 1,85 milhão de pessoas neste ano, superando o total de trabalhadores empregados sem carteira assinada. Essa tendência de crescimento é corroborada pelo Boletim do Mapa de Empresas do Governo Federal, que registrou um aumento de 14,1% na formalização de microempreendedores no segundo quadrimestre de 2025.
O Perfil das Ocupações em 2025
A análise do cenário econômico deste ano evidenciou dez atividades que concentram a maior parte dos novos trabalhadores autônomos. O setor de estética se destaca, impulsionado pela demanda por serviços personalizados. A área de alimentação também mantém sua relevância, com produtos artesanais e marmitas sendo amplamente vendidos através de aplicativos de mensagens e redes sociais, sem a necessidade de uma estrutura física.
A economia de plataforma se estabelece como o principal empregador indireto em Salvador e região metropolitana, com serviços de transporte de passageiros por aplicativo e entregas rápidas absorvendo uma grande parte da força de trabalho que não encontrou espaço na indústria ou no comércio formal. Além disso, o setor de manutenção residencial cresce à medida que aumenta a demanda por profissionais de reparos gerais que atuam sob demanda.
Outra característica marcante de 2025 é o crescimento das ocupações digitais, que dispensam vínculos tradicionais. A gestão de tráfego pago e o gerenciamento de mídias sociais para o comércio local têm atraído uma geração de trabalhadores mais jovem e conectada. Também se destacam os cuidadores de idosos e guias de turismo de experiência, que atendem nichos de mercado não explorados pelas grandes empresas do setor.
Protagonismo Feminino e Racial
Os dados do IBGE referentes ao terceiro trimestre de 2025 revelam que o mercado autônomo é majoritariamente composto por mulheres e negros. Com 1,34 milhão de trabalhadoras na informalidade, as mulheres estão na vanguarda desse crescimento, superando o ritmo de adesão masculino ao mercado por conta própria.
O recorte racial também evidencia que a população preta é um motor essencial da economia autônoma, com 921 mil pessoas atuando na informalidade, volume que supera significativamente outros grupos demográficos. Essa realidade reflete a concentração dessa população nas atividades de comércio e serviços que mais prosperaram durante o ano, muitas vezes como única alternativa de geração de renda imediata.
Impacto da Qualificação e Vulnerabilidade Social
O perfil atual do mercado de trabalho em 2025 refuta a ideia de que a informalidade é um refúgio apenas para os menos qualificados. Dados mostram que 1,16 milhão de trabalhadores com Ensino Médio completo estão atuando por conta própria ou na informalidade, o que indica que a conclusão da educação básica não tem sido suficiente para garantir acesso a postos de trabalho formais. O fenômeno se estende até profissionais com Ensino Superior, onde 123 mil graduados também estão na informalidade.
A situação evidencia que muitos profissionais, incluindo engenheiros e advogados, migraram para consultorias independentes ou atividades não correlatas à sua formação, em resposta à retração das vagas CLT.
Crescimento da Economia de Plataforma no Brasil
O setor de transporte de passageiros representa 58,3% do mercado de trabalho autônomo, enquanto o serviço de entregas abrange 29,3%. No entanto, a dinâmica é complexa: entre os 485 mil trabalhadores envolvidos em entregas, muitos são pequenos empreendedores que utilizam essas plataformas para captar clientes.
Segundo o analista Leonardo Quesada, “o perfil dos diferentes trabalhadores – entregadores e outras ocupações – tende a ser distinto, assim como sua relação com as plataformas de entrega, especialmente no que se refere ao grau de controle que essas plataformas exercem sobre eles”.
Impacto Bilionário da Formalização nos Negócios
De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de 3,9 milhões de pessoas deixaram a informalidade em 2024, em grande parte pela formalização como Microempreendedor Individual (MEI). Essa regularização não apenas gera um impacto econômico significativo, estimado entre R$ 20 bilhões e R$ 70 bilhões anuais, mas também aumenta a renda média dos envolvidos em até 25%.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, ressalta que “ao conquistarem um CNPJ, esses empreendedores dão um passo crucial para escalar seus negócios”. O levantamento indica que 26% dos MEIs ativos no país são recém-formalizados, evidenciando uma crescente migração do setor informal para a legalidade.

