Desafios e Estratégias no Cenário Político da Bahia
O quadro político na Bahia para as eleições de 2026 é desafiador para o governador Jerônimo Rodrigues (PT), que se vê diante da liderança de ACM Neto (União Brasil) nas recentes pesquisas de intenção de voto. Dados do levantamento realizado pela Quaest em agosto revelam que o ex-prefeito de Salvador lidera com 41%, enquanto o atual governador registra 34% das intenções. Apesar dessa diferença, Rodrigues minimizou o impacto desses números e, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, afirmou que seu grupo político é vitorioso nas urnas. Ele enfatizou a relevância do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como aliado e apontou que o cenário atual é mais favorável para Lula em comparação com 2022, atribuindo isso ao fortalecimento da base de apoio no estado.
Na questão da segurança pública, o governador defendeu uma atuação rigorosa do Estado contra o crime, mas ressaltou que isso não deve ser interpretado como uma autorização para ações letais pelas forças policiais. Embora a letalidade policial tenha diminuído em 2024, a Bahia ainda apresenta os números mais alarmantes, com 1.370 mortes em operações policiais entre janeiro e outubro de 2025. Para enfrentar essa situação, Rodrigues anunciou a expansão do uso de câmeras corporais pelos agentes de segurança.
Pré-Candidatura e Alianças Estratégicas
Questionado sobre uma possível reeleição, o governador confirmou que é pré-candidato e descartou a possibilidade de articulações para apresentar outro nome em seu grupo. “Não tem nenhum outro nome posto no nosso grupo”, garantiu à Folha. Rodrigues reforçou que sua prioridade é cumprir o mandato focando em resultados, e que sua trajetória pessoal influencia diretamente suas decisões políticas.
O apoio de Lula, segundo o governador, é mútuo. Rodrigues destacou que ambos precisam do fortalecimento do grupo na Bahia para assegurar uma vitória nas urnas. “Eu preciso do Lula, e muito, e Lula precisa do nosso grupo”, afirmou, ressaltando que o presidente está em uma posição mais confortável para conquistar votos em regiões-chave do país.
Busca por Consenso e Críticas ao Congresso
Quanto à formação da chapa para 2026, Rodrigues afirmou que está em busca de consenso junto a aliados como Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT e com intenções de disputar o Senado. Ele destacou a importância de uma composição que fortaleça a bancada federal e estadual, sem prejudicar os partidos que fazem parte da base: “A nossa aliança é de ganha-ganha”, explicou.
O governador também não hesitou em criticar o cenário atual no Congresso Nacional, apontando que alguns parlamentares têm atuado para proteger colegas envolvidos em irregularidades. “Um Congresso, ou parte dele, que busca construir um ambiente de proteção para deputados é muito ruim”, avaliou.
Reflexões sobre a Oposição e Polêmicas Passadas
Em relação à possível candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência, Rodrigues expressou que a divisão no campo oposicionista pode beneficiar seu grupo político. “[A escolha de Flávio] mostra como eles fazem política”, afirmou, referindo-se à decisão do ex-presidente, que, segundo Rodrigues, foi tomada sem dialogar adequadamente com a base.
Por fim, ao comentar declarações polêmicas que fez em 2024, o governador admitiu ter exagerado em suas críticas a opositores e pediu desculpas. Ele afirmou que houve distorções nas críticas veiculadas, especialmente devido a cortes em vídeos, e negou qualquer intenção de ser agressivo: “Eu não tenho nenhuma maldade ou perversidade, inclusive com meus opositores”, concluiu.

