Dados Alarmantes sobre Alfabetização na Bahia
A Bahia, infelizmente, apresenta os piores índices de alfabetização infantil nas escolas públicas do Brasil. Um estudo recente do Inep revelou que apenas 35,96% das crianças do estado estão alfabetizadas, o que corresponde a 66.645 alunos que ainda não dominam a leitura e a escrita. Esse dado, que demonstra uma realidade preocupante, foi publicado em homenagem ao Dia Nacional da Alfabetização, celebrado em 14 de novembro.
Os números mostraram que a situação piorou em comparação a 2023, quando 63,22% das crianças na Bahia ainda não estavam alfabetizadas. As metas do Programa Bahia Alfabetizada, que visavam alfabetizar 42,80% das crianças em 2024, não foram alcançadas. Para 2025, a expectativa é alfabetizar 49,73% dos alunos, com um objetivo ambicioso de alcançar 80% até 2030.
A Educação na Bahia em Tempos Desafiadores
Daniela Mendes, coordenadora de políticas educacionais do Todos Pela Educação, enfatiza que, apesar da responsabilidade pela educação básica ser primariamente dos municípios, é fundamental o suporte técnico e financeiro do governo estadual para garantir o sucesso das ações de alfabetização.
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“Os municípios, na verdade, enfrentam uma série de limitações financeiras e técnicas para lidar com a complexidade da alfabetização. Portanto, sem o apoio do governo estadual, as dificuldades se agravam, principalmente em um estado tão grande e com diferentes realidades”, afirma Mendes.
Para que a alfabetização seja eficiente, é necessário investir na formação de educadores e na produção de materiais pedagógicos adequados, além de realizar avaliações contínuas para monitorar o progresso das crianças. “Essas avaliações são essenciais para que os professores compreendam como cada aluno está evoluindo, permitindo intervenções antes que as defasagens se tornem irreversíveis”, completa.
Desafios e Legislação
Um dos principais obstáculos enfrentados pela Bahia, segundo o Todos Pela Educação, é o atraso na legislação que favorece uma política de colaboração educacional, o que dificulta a coordenação entre os diferentes níveis de governo. Em resposta a críticas sobre as ações do governo estadual, a Secretaria de Educação informou que programas estão sendo implementados para apoiar os municípios, incluindo o Programa Bahia Alfabetizada, estabelecido pela Lei nº 25.668/2025.
“Desde 2023, temos promovido ações específicas para ajudar os municípios, incluindo a criação da Renalfa [Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização] e a entrega de materiais didáticos”, explica Helaine Souza, Superintendente de Políticas para a Educação Básica. “Essas ações estão alinhadas não apenas à alfabetização de crianças, mas também ao engajamento de jovens acima de 15 anos no aprendizado.”
Contraste com o Ceará
Enquanto a Bahia enfrenta desafios na alfabetização infantil, o Ceará se destaca com a melhor taxa do país, alcançando 85,3% de crianças alfabetizadas, superando tanto as metas estaduais quanto nacionais. Daniela Mendes destaca que o estado do Ceará já havia implementado uma política de colaboração com os municípios, o que facilitou a obtenção de resultados positivos.
“Embora o Indicador Criança Alfabetizada seja uma ferramenta nacional, é crucial entender que os estados partem de pontos distintos. O Ceará, por exemplo, se beneficiou de políticas públicas continuadas que garantiram a alfabetização”, observa.
Importância da Educação Infantil
Mendes ainda ressalta que, embora a educação infantil não exija alfabetização imediata, é uma fase fundamental para desenvolver habilidades essenciais para o aprendizado posterior. “O acesso a livros desde cedo e a promoção da oralidade são práticas pedagógicas que devem ser incentivadas. Assim, quando as crianças entram no ensino fundamental, estão mais bem preparadas para a alfabetização”, defende.
Ela enfatiza que o atendimento individualizado às crianças é crucial no processo de alfabetização. “Cada criança possui um ritmo próprio de aprendizado, que deve ser respeitado, sem que isso signifique abrir mão das expectativas de aprendizagem, para que nenhuma delas fique para trás.”
Atualmente, é vital que políticos e educadores se unam para criar um ambiente propício à alfabetização das crianças, com estratégias que atendam às diversas realidades da Bahia e promovam um futuro mais promissor para as novas gerações.

