A Nutricionista Esclarecendo o Impacto das Refeições de Fim de Ano
Quem nunca se sentiu estufado após uma grande refeição? A sensação de satisfação intensa pode rapidamente se transformar em desconforto. Além do mal-estar físico, muitas vezes vem também a culpa por ter comido mais do que planejado. Durante as festas de fim de ano, a pressão emocional e física nas refeições aumenta, e é essencial entender como lidar com essa situação.
Como nutricionista, é importante ressaltar que seu corpo está preparado para lidar com esses excessos. Embora a saúde e o bem-estar sejam influenciados por fatores além de algumas refeições indulgentes, desfrutar de uma boa comida com amigos e familiares pode criar memórias afetivas duradouras.
O Que Acontece Durante a Digestão?
Após uma refeição abundante, surge a dúvida: como o corpo reage a esse excesso de comida? O entendimento do processo digestivo pode ajudar a aliviar a ansiedade relacionada a esses momentos. Os alimentos são compostos principalmente por carboidratos, proteínas e gorduras. Para que sejam utilizados pelo corpo como energia, eles precisam ser decompostos em formas mais simples por meio de processos mecânicos e químicos no trato gastrointestinal.
Quando você consome uma refeição generosa, é provável que ingira uma quantidade maior desses macronutrientes em um intervalo curto de tempo. Isso resulta em uma digestão mais lenta, já que o corpo precisa de mais tempo para processar a quantidade excessiva de alimentos.
Vale destacar que proteínas e gorduras demandam mais tempo para serem digeridas. Enquanto alimentos ricos em carboidratos proporcionam um aumento rápido de energia, a combinação com proteínas e gorduras garante uma liberação de energia mais prolongada, o que pode ajudar a controlar o apetite.
Desconforto Após as Refeições
É compreensível sentir um certo desconforto após grandes refeições. O estômago, ao se expandir para acomodar a quantidade extra de alimento, pode causar azia e até dor abdominal. O refluxo ácido, que provoca a sensação de queimação no peito, é mais comum em situações onde há uma quantidade excessiva de comida, o que pode resultar também em náuseas e inchaço.
Antes mesmo da primeira garfada, o corpo já se prepara para a digestão. A visão e o aroma da comida estimulam a produção de saliva e ácido estomacal. Quando a refeição é maior que o habitual, o organismo gasta mais energia nesse processo, o que pode torná-lo mais cansativo e resultar em fadiga.
Para minimizar o desconforto digestivo, uma dica valiosa é manter-se em pé por algumas horas após a refeição. Embora seja tentador deitar-se, essa prática pode acentuar os problemas de estômago e azia. Um breve passeio de 10 a 15 minutos pode ajudar a estimular o processo digestivo e promover uma melhor movimentação dos alimentos pelo trato gastrointestinal.
Desmistificando a Culpa Alimentar
É crucial lembrar que um dia de indulgência não causará ganho de peso permanente. Contudo, desenvolver padrões de culpa alimentar pode ser prejudicial a longo prazo e afetar a relação com a comida. A maneira como você pensa e fala sobre a alimentação influencia muito sua experiência durante as refeições.
Nós frequentemente rotulamos alimentos como “bons” ou “ruins”, o que pode interferir no prazer de comer. Esse tipo de mentalidade é comum durante as festividades, quando escutamos frases como “comi bem o dia todo, então posso me permitir algo a mais” ou “hoje vou me permitir e comer a torta”. Essas expressões moldam nossas emoções em relação à comida.
A alimentação não deve ter valor moral. Em vez de se preocupar com calorias, é mais saudável focar nas interações, risadas e aromas que fazem das festividades momentos especiais. Aproveitar os alimentos que trazem conforto e conexão pode nutrir não apenas o corpo, mas também a alma.
Bryn Beeder é Professor Visitante de Cinesiologia, Nutrição e Saúde na Universidade de Miami.

