Wagner Defende sua Posição sobre o PL da Dosimetria
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se manifestou nesta segunda-feira (22) a respeito das críticas que recebeu sobre a aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria, que pode impactar as penas impostas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Em entrevista à Rádio Metrópole, ele enfatizou que jamais negociou o mérito da proposta e reiterou sua posição contrária ao projeto, que deve ser vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme anunciado na semana passada.
Wagner expressou estar “muito à vontade” para responder às críticas e esclareceu que não houve acordo sobre os pontos centrais da proposição, nem consulta prévia ao presidente Lula sobre o tema. Para ele, a condução do processo no Senado estava inserida em um contexto em que a derrota do governo era considerada iminente, dado o fortalecimento da maioria favorável ao projeto.
Condução e Contexto da Votação
O senador esclareceu que, apesar de discordar do teor do PL da Dosimetria, a possibilidade de alteração do resultado da votação era escassa. “Estava consagrado que eles tinham maioria para a votação desse PL”, afirmou Wagner, comentando que suas tentativas de adiar a análise da matéria foram rejeitadas. Ele destacou que sua atuação sempre foi pautada dentro das regras do processo democrático, e sua posição contrária ao projeto se manteve inalterada ao longo do tempo.
Para Wagner, a condução do PL da Dosimetria não envolveu qualquer tipo de barganha política, e teve o intuito de possibilitar a análise de outras pautas relevantes para o governo, como a taxação de apostas e fintechs. “Não vendi democracia nenhuma, o presidente Lula já disse que vai vetar e nós votamos contra. Mas democracia é isso: quem tem maioria ganha”, afirmou.
Perspectivas para 2026 e a Base Aliada
Além de suas declarações sobre a dosimetria, Wagner também abordou a situação política na Bahia e a formação da chapa majoritária para as eleições de 2026. O senador demonstrou confiança no diálogo entre os partidos que compõem a base aliada e acredita que não haverá divisão entre eles. “Se acontecer, será contra a minha vontade”, disse, enfatizando a importância de construir uma composição que atenda aos interesses de todos os aliados.
Wagner minimizou a noção de que uma chapa majoritária “puro-sangue” do PT se sustentaria apenas na filiação partidária. Ele argumentou que o verdadeiro peso político remete à trajetória dos candidatos, citando nomes como Rui Costa, Jerônimo Rodrigues e o próprio Wagner, todos com experiência no Executivo estadual. No entanto, a proposta de uma chapa “puro-sangue” poderá deixar de fora o senador Angelo Coronel (PSD), que já sinalizou seu desejo de renovar o mandato no Senado, seja em uma candidatura avulsa ou como parte de uma chapa alternativa.
Críticas à Gestão de Jerônimo e Investimentos em Salvador
Durante a entrevista, Wagner também se defendeu das críticas direcionadas ao governador Jerônimo Rodrigues em relação à gestão na capital, Salvador. O senador acredita que a presença do governador na cidade deve ser mensurada por meio das entregas e investimentos realizados, tanto com recursos estaduais quanto federais. Entre as obras mencionadas, ele destacou o VLT de Salvador, a nova Rodoviária e a ampliação do metrô até o Campo Grande.
Wagner elogiou ainda o governante por ter voltado parte significativa de seu mandato para investimentos no interior, como a criação de Escolas de Tempo Integral e melhorias na infraestrutura. “O VLT está aí, é Jerônimo. Nova Rodoviária está aí, é Jerônimo. O metrô, extensão para o Campo Grande, está aí, é Jerônimo”, enfatizou.
Funcionamento da Democracia e Articulação Política
Em sua análise sobre o PL da Dosimetria, Wagner ressaltou que o episódio ilustra o funcionamento do sistema democrático, no qual a maioria parlamentar determina os resultados das votações. Ele acredita que as críticas que desconsideram esse contexto desvirtuam o verdadeiro papel da articulação política dentro do Congresso, defendendo uma política mais construtiva e colaborativa.

