Programa Mais Médicos: Crescimento e Desafios Persistentes
O Programa Mais Médicos, fundamental na estratégia de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Brasil, alcançou uma expansão expressiva nos últimos três anos. O número de médicos em atuação aumentou de 13,7 mil para aproximadamente 27,3 mil, representando um crescimento de 99%. Atualmente, esses profissionais estão presentes em cerca de 4,5 mil municípios, o que contribui para uma maior cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) e para o incremento no volume de atendimentos básicos no país.
Entre 2022 e 2025, a quantidade de atendimentos na Atenção Primária registrou um aumento de cerca de 30%, saltando de 23,9 milhões para mais de 31 milhões anualmente. Este avanço está diretamente relacionado à ampliação das equipes de Saúde da Família e da Atenção Primária, que têm se mostrado eficazes no atendimento a milhões de usuários do SUS e na resolução de parte significativa das demandas de saúde nos territórios.
Impacto no Nordeste: Avanços e Desafios
No Nordeste, a expansão do Mais Médicos tem desempenhado um papel importante na redução da carência de profissionais em cidades pequenas, áreas rurais e regiões de vulnerabilidade social. A presença de médicos nas unidades básicas tem facilitado o acesso a consultas e acompanhamento para gestantes, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, além de fortalecer ações de prevenção.
No entanto, gestores e especialistas enfatizam que a região ainda enfrenta um grande vácuo assistencial, principalmente na transição entre os cuidados básicos e os serviços de média e alta complexidade. A situação é semelhante na Bahia, onde o aumento no número de médicos no interior do estado melhorou o atendimento nas unidades de saúde e diminuiu a necessidade de deslocamentos longos para consultas simples. Municípios que historicamente tinham dificuldades em fixar profissionais agora se beneficiam de um atendimento mais regular.
Desafios Estruturais: A Necessidade de Investimentos
Apesar do aumento no número de médicos, a falta de hospitais regionais bem equipados e distribuídos de maneira equilibrada ainda se configura como um dos principais obstáculos para a continuidade do cuidado, tanto no Nordeste quanto na Bahia. Muitas vezes, pacientes atendidos na atenção primária enfrentam dificuldades para prosseguir com tratamentos que exigem exames, cirurgias ou consultas com especialistas.
A fila de regulação se mantém como um dos maiores desafios do sistema. A demanda reprimida para procedimentos de média e alta complexidade sobrecarrega a rede hospitalar existente, limitando os benefícios da ampliação do atendimento básico. Mesmo com o aumento de médicos nas unidades de saúde, o acesso a serviços especializados continua lento, impactando diretamente o tempo de resposta do SUS e a resolutividade dos casos.
Perspectivas Futuras: Integrar e Fortalecer
Especialistas destacam que o Mais Médicos desempenha um papel crucial na diminuição dos vazios assistenciais e na ampliação do acesso inicial ao sistema de saúde. Contudo, os resultados do programa dependem de políticas complementares. A melhoria da infraestrutura hospitalar, o fortalecimento da regulação e a integração entre os diferentes níveis de atenção são considerados desafios centrais para o futuro próximo.
Portanto, o crescimento do Mais Médicos representa um progresso significativo na Atenção Primária, especialmente em regiões que historicamente foram desassistidas. Contudo, a realidade no Nordeste e na Bahia revela que enfrentar as desigualdades em saúde requer medidas estruturais mais abrangentes, que vão além da mera presença de profissionais, garantindo um fluxo assistencial contínuo, acesso a serviços especializados e uma maior eficiência no sistema de regulação.

