Desafios e Estratégias no Governo da Bahia
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), celebra seu terceiro ano de governo em um contexto desafiador. Apesar de ter consolidado um grupo político robusto, que controla a maioria das prefeituras do estado, ele se vê atrás de ACM Neto (União Brasil) nas pesquisas eleitorais. De acordo com uma pesquisa da Quaest divulgada em agosto, Neto possui 41% das intenções de voto, enquanto Rodrigues registra 34%.
Em entrevista à Folha, o governador minimizou esses índices, afirmando que, embora a oposição “ganhe nas pesquisas”, seu grupo político “ganha nas urnas”. Ele também enfatiza o papel crucial do presidente Lula como um importante cabo eleitoral e acredita que o chefe do Executivo está em uma posição mais confortável em relação às eleições de 2022.
Segurança Pública: Um Desafio Contínuo
A segurança pública, um dos principais focos de sua gestão, preocupa Jerônimo. Ele reconhece a necessidade de um “braço forte” do Estado contra o crime organizado, mas ressalta que isso não deve ser interpretado como um aval para a polícia agir de forma letal. Em 2024, a letalidade policial apresentou uma queda, mas a Bahia ainda contabiliza 1.370 mortes em ações policiais entre janeiro e outubro de 2025. Para melhorar essa situação, Rodrigues planeja expandir o uso de câmeras corporais nas operações policiais.
Uma Trajetória de Superação e Trabalho
Ao ser questionado sobre sua pré-candidatura à reeleição, Jerônimo se posiciona de maneira firme: “Sou pré-candidato. Não há outros nomes no nosso grupo.” Ele ressalta a importância de trabalhar duro até o último dia de seu mandato, com foco em reverter os números das pesquisas. Para ele, essa dedicação é fundamental, considerando que sua trajetória até aqui foi bastante desafiadora.
Comparando sua situação às de ex-governadores como Jaques Wagner e Rui Costa, Rodrigues observa que ambos estavam em um cenário mais confortável em relação às pesquisas em suas disputas de reeleição, mas ele tem uma perspectiva diferente. “Eu faço pesquisas todos os dias, levando em conta a quantidade de lideranças políticas e prefeitos que apoiam meu governo”, destacou.
A Relação com Lula e a Politização do Estado
Sobre a relação com Lula, Rodrigues enfatiza que tanto ele quanto o presidente precisam um do outro para manter a frente de votos que garantiu a vitória em 2022. “Quando Lula precisou da Bahia, ele estava fora do governo, mas agora, como presidente, terá mais força no eleitorado do Norte e em São Paulo”, afirmou.
O governador também se refere a uma possível chapa pura para o Senado, ressaltando que ele está em diálogo constante com os partidos para garantir uma candidatura competitiva que fortaleça a reeleição de Lula e amplie a bancada federal. “Estamos construindo um entendimento até março, período suficiente para chegarmos a um consenso”, disse.
Desafios no Combate à Violência e Crise Política
Rodrigues também criticou o atual Congresso, afirmando que uma parte dele procura proteger deputados envolvidos com crimes, o que compromete o debate de temas nacionais. “Não deve existir privilégio para quem erra. Se alguém estiver envolvido com crime, deve responder por isso”, declarou.
Sobre a candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência, o governador vê com desconfiança, afirmando que disputas internas no campo da oposição podem ser benéficas para sua gestão e para Lula. “A divisão no campo oposto é sempre positiva para nós”, observou.
Compromissos com a População e Desenvolvimento Sustentável
Em relação ao combate à fome, um dos principais compromissos de sua gestão, Jerônimo Rodrigues reconhece a continuidade da insegurança alimentar na Bahia. “Conseguimos tirar cerca de 2,3 milhões de pessoas da fome, mas ainda temos 700 mil em situação de insegurança”, lamentou. Ele reforçou a importância da alimentação nas escolas e de outros projetos sociais para reduzir essa realidade.
Por fim, ao falar sobre a ponte Salvador-Itaparica, que terá um custo estimado de R$ 12 bilhões, Rodrigues enfatiza a importância do projeto para a mobilidade e desenvolvimento do estado, enquanto promete fiscalizar os impactos ambientais gerados pela construção.

